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domingo, 23 de setembro de 2012

Relato da Peregrinação de uma família carmelita (II)



Foram ao todo oito etapas, mas ainda não tínhamos chegado ao fim, já as saudades de tudo o que estávamos a viver naqueles dias, começavam a sentir-se. Todos os locais, paisagens, tudo o que vivemos e sentimos são de uma magia, de uma calma e serenidade que não dá para descrever, só vivendo e sentindo. Até o cansaço e as lágrimas que por vezes nos caíam pela face, até isso era um doce.
Pernoitamos uma vez na tenda que levamos na bagagem, em caminha no Albergue de Peregrinos, em Maugaz e pela primeira vez na nossa vida, fomos um grupo sem-abrigo, porque o albergue que encontramos não era para peregrinos, mas sim um albergue de turistas, e nós não eramos turistas, mas sim peregrinos, e era muito caro para as nossas posses, assim sendo continuamos a caminhar estrada fora, eram já onze horas da noite, até que por fim acabamos por dormir numa paragem de autocarro, ainda por cima fazia uma espécie de ladeira e quando dei por mim estava a dormir dentro do saco de camo no meio do passeio.
Em Mancha, voltamos a dormir ao relento nos sacos de cama por detrás de um prédio do supermercado Dia, mas para encontramos este cantinho, ainda tivemos que andar um pouco, porque para aqueles lados à noite há muita gente pelas ruas e as pessoas olhavam para nós de uma maneira diferente, e Deus nosso Senhor nos fez encontrar as traseiras daquele prédio para nos aconchegarmos.
Em Pontevedra, quando chegamos ao albergue, este já estava esgotado desde as duras horas da tarde, e nós tínhamos chegado às seis. Como o Albergue estava cheio, mandaram-nos para o pavilhão enorme que estava a acolher os peregrinos e os ciclistas que também faziam o caminho até Santiago. Tivemos que ainda andar mais um bom bocado. Estava demasiado calor e nós demasiado cansados, a Rita entrou em desespero e desatou a chorar com o cansaço e o desânimo. O Simão desatou a dizer que o pavilhão era do outro lado do planeta pois não havia meio de lá chegar e que nunca mais se metia noutra aventura peregrina como esta. Até que por fim chegamos…Acomodamo-nos nos colchoes, e fomos às comprar para comer. Os restaurantes eram demasiado caros e no bolso não abundava dinheiro, o João só receberia no dia 24, tudo era calculado.

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