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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

No caminho: sofrimentos que não saram!


O que Diz a Morte

Deixai-os vir a mim, os que lidaram;
Deixai-os vir a mim, os que padecem;
E os que cheios de mágoa e tédio encaram
As próprias obras vãs, de que escarnecem...

Em mim, os Sofrimentos que não saram,
Paixão, Dúvida e Mal, se desvanecem.
As torrentes da Dor, que nunca param,
Como num mar, em mim desaparecem. -

Assim a Morte diz. Verbo velado,
Silencioso intérprete sagrado
Das cousas invisíveis, muda e fria,

É, na sua mudez, mais retumbante
Que o clamoroso mar; mais rutilante,
Na sua noite, do que a luz do dia.

[Antero de Quental, in "Sonetos"]

1 comentário:

  1. Francisco Miranda - Esposende17 de janeiro de 2013 às 11:12

    Caminhos existem em que sozinhos não somos capazes de ir. Um abraço para quem publica neste blog e nos coloca a pensar, nos interroga.

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