Peregrinar não é apenas andar
Ao optar-se por este enfoque é necessário o vincular com a causa que o gerou. As vezes, frequentemente, encontram-se orientações que caem neste reducionismo, sobretudo depois da declaração feita pelo Conselho da Europa ao declarar o Caminho de Santiago como Primeiro Itinerário Cultural Europeu. Sem a dimensão da fé não existiria a dimensão cultural. No caso de prescindir da fé estaríamos a nos situar fora do que é peregrinar e careceria de sentido. Neste caso seria apenas classificada como marcha, desporto, turismo, etc.
Primeiro surgirão os peregrinos, depois o estímulo da Igreja e o Jubileu: No caso de São Tiago, durante os primeiros séculos do cristianismo havia um culto local (como se descobriu nas escavações de 1945-1957, ao aparecer um cemitério cristão datado dos primeiros séculos, junto ao túmulo do Apóstolo). Nos inícios do século XI, este culto deu-se a conhecer através do Sacro Romano Império, posterior a Carlos Magno, a toda a Europa, que se sentia atraída pelo Túmulo Apostólico de São Tiago. Com o fluxo, cada vez mais numeroso de peregrinos, os Papas estimularam a peregrinação recomendando-a e oferecendo indulgências aos peregrinos. Neste contexto surgiu a graça singular que foi o Jubileu Compostelano concedido em 1122 por Calixto II, e confirmado especialmente por Alexandre III em 1179.
Peregrinar não é apenas andar sobre um caminho (no caso da peregrinação a pé) ou realizar um determinado número de quilómetros; Trata-se de andar num caminho motivado “por” ou “para algo”. Tem a peregrinação um sentido motivador e uma riqueza pessoal e religiosa que é necessário descobrir.
A peregrinação pode fazer-se por qualquer caminho e por qualquer meio de transporte, sempre que se tenha a intenção de a realizar e que se respeitem as condições estabelecidas.
[Associação | Confraria de São Tiago | Espaço Jacobeus]
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