Uma árvore com vários anos
de existência, vivia numa grande planície. Ao seu redor floriam pequenas
flores. Uma das flores perguntou um dia à grande árvore:
- Olha lá... sob que luz
trabalham os pastores em seus pastos de planícies verdejantes?
- Sob que luz? Que pergunta…
– Retorquiu-lhe a grande árvore.
- Sim. Sob que luz? Não
poderão trabalhar eternamente na contemplação do sol, das estrelas,
do luar, do fogo?
- Trabalham sob a luz do
astro Sol. – Respondeu-lhe a grande árvore?
- E quando a luz do sol deixar
de existir na terra? – Perguntou novamente a flor.
-Talvez nesse instante se
apercebam da sua ausência e tenham que trabalhar à luz do luar, da estrelas, do fogo que arde, da chama que
alumia a noite…
A flor como era muito
curiosa, estava preocupada pela não comparência dos seus amigos pastores se
caso não existisse o sol, o luar, o fogo…algo que lhes pudesse iluminar o
caminho.
Não queria deixar de poder
ver as ovelhas que alegremente nos campos corriam, os pastores que seguiam…Se
não existisse luz para os iluminar, que seria de suas vidas. Permaneceriam no
vazio, na eterna noite, sem luz, nem guia?
Estando preocupada voltou a
questionar a grande árvore:
- E quando nenhuma luz
existir?
-Tu és sempre assim. Que
perguntas fazes tu pequena flor! Não sei o que respondo é o mais certo. O que
penso é o que te digo… Penso que quando o sol, a lua, o fogo e tudo mais que
possa ser luz no caminho dos pastores e das suas ovelhas se extinguir, os
próprios, terão descoberto a luz que emana de si mesmos. Poderão caminhar com a
sua própria luz, a luz da interioridade armazenada. Com a luz que conseguiram
armazenar no seu interior enquanto pastoreavam as suas ovelhas, durante anos.
Sabes pequena flor, no jardim florido, nos prados verdejantes que a meus pés te
colocas, a alegria brotará sempre de cada pastor, de cada ovelha, deles emergem
experiências de vidas únicas. Olhares contemplativos que vivem em plenitude!
Plenitude que liberta, enche e não esvazia.
[V.P.]
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