Tu que calcorreias os caminhos
Com uma meta bem definida
Não te importas dos espinhos
Que te atraiçoaram a vida
No teu saco levas os pertences
No corpo pouca roupa vestida
Longos percursos tu vences
Com uma passada à medida
Por estradas ou caminhos estreitos
São tudo vias para palmilhar
Com o sol a fazer efeitos
Ou chuva que não pára de molhar
Sempre que segues sozinho
Sobra-te tempo para pensar
Até pisas muito de mansinho
Só para a calçada não magoar
Traças-te a rota bem cedo
Sabes que a distância é enorme
Mas isso não te causa medo
Mesmo quando te dá a fome
Dia após dia continuas andando
Não contas o espaço percorrido
Mesmo sentindo teu corpo cansado
Sabes que a viagem faz sentido
Pouco dormes nas noites escuras
Acordas pelo amanhecer
Recordas docemente as alturas
Da luta do teu sobreviver
No fim de tanto caminhar
Já sonhas alegres momentos
Mas ninguém pode adivinhar
A nobreza dos teus sentimentos
Calçado já não tens
Teus pés pisam o solo duro
Ouves murmúrios e desdéns
Mas caminhas sempre seguro
Finalmente chegas ao altar
Ajoelhas e agradeces a viagem
Em silêncio fitas a Senhora a orar
Teu coração recebeu a Mensagem
[Eduardo Santos]
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