Doença ainda não estudada, mas sentida pela maioria dos peregrinos:
depressão pós-caminho!
Chegar a Santiago é o culminar de uma experiência que começa
muito antes de se pôr efectivamente os pés a caminho, com o entusiasmo e
receios próprios da preparação, a vivência das peripécias e a alegria de ter
conseguido. Cada um terá as suas motivações, algumas partilhadas e outras nos
segredos dos deuses, talvez porque nem os próprios as saibam explicar.
O regresso a casa faz-se ainda com ânimo, mas a nostalgia
aos poucos vai-se instalando. É preciso gerir tudo o que foi vivido e tentar
encaixar algumas decisões tomadas no dia-a-dia de sempre. Nós “paramos”,
podemos ter desligado telemóveis e ligação à internet, mas o mundo continuou a
girar. Pior, na sua maioria, as pessoas que nos rodeiam não atribuem grande
importância a essa experiência.
Se somos repetentes n’O Caminho, então ainda passa mais
despercebido. “Foi diferente em quê das anteriores?”, “Em tudo!”, “Tudo? Como
assim?”. Pois é, não há dois caminhos iguais: o percurso, as pessoas, a fase da
vida, o entendimento do que nos rodeia… tudo é diferente. Mas esta explicação
pouco importa, será uma minoria a passar esta linha.
Talvez por tudo isto, a vontade de estar n’O caminho, a
caminho e com “iguais”, aumente ou, pelo menos, nunca passe.
No entanto, como escreve um amigo a relembrar-me algo dito
na missa do peregrino pelo sacerdote: “on n’a fait le chemin que si l’on a
changé quelquechose en rentrant chez soi et en soi” (o caminho não foi feito se
não mudamos algo ao regressar a casa e em nós próprios). Esse é o verdadeiro
desafio e o mais difícil de pôr em prática!
Boa recuperação, caros peregrinos ;)
[http://umcaminhoparatodos.wordpress.com/]
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