Um enorme cepo de oliveira ardia lentamente ao canto da
lareira. Entretanto, recordava o seu passado. «No princípio, era uma oliveira
como as outras. Além de dar azeitona, os pássaros abrigavam-se nos meus ramos.
Passaram os anos e comecei a sentir dificuldades: a seiva já não atingia os
ramos altos, que começaram a secar. Tornei-me numa velha oliveira que já não dava
azeitona. Sequei pouco a pouco e tornei-me num velho cepo. Vieram os lenhadores
arrancar-me e vim parar a esta lareira. Pegaram-me fogo e eu dou-lhes o calor
de que necessitam. Á minha volta, nesta noite fria, os homens esfregam as mãos,
as mulheres falam e as crianças dormitam». E o último pensamento do cepo foi este: «Nasci para servir os outros. Fiz o melhor que pude no desempenho da missão que
me coube. Por isso, morro tranquilo e feliz. No punhado de cinza a eu me reduzo
fica a alegria de me ter dado completamente aos outros até ao fim».
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