Quem caminhou entre o violeta e o violeta
quem caminhou por entreos vários renques de verdes diferentes
de azul e branco, as cores de Maria,
falando sobre coisas triviais
na ignorância e no saber da dor eterna
quem se moveu por entre os outros e como eles caminhou
quem pois revigorou as fontes e as nascentes tornou puras
tornou fresca a rocha seca e solidez deu às areias
de azul das esporinhas, a azul cor de Maria,
sovegna vos
eis os anos que permeiam, arrebatando
flautas e violinos, restituindo
aquela que no tempo flui entre o sono e a vigília, oculta
nas brancas dobras de luz que em torno dela se embainham.
Os novos anos se avizinham, revivendo
através de uma faiscante nuvem de lágrimas, os anos, resgatando
com um verso novo antigas rimas. Redimem
o tempo, redimem
a indecifrada visão do sonho mais sublime
enquanto ajaezados unicórnios a essa de ouro conduzem.
A irmã silenciosa em véus brancos e azuis
por entre os teixos, atrás do deus do jardim,
cuja flauta emudeceu, inclina a fronte e persigna-se
mas sem dizer palavra alguma
mas a fonte jorrou e rente ao solo o pássaro cantou
redimem o tempo, redimem o sonho
o indício da palavra inaudita, inexpressa
até que o vento, sacudindo o teixo,
acorde um coro de murmúrios
e depois disto nosso exílio
[T. S. Eliot (1888-1965)]
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