quarta-feira, 3 de abril de 2013

Poema de um peregrino


Descanso

 Meu corpo pede cama, pede descanso.
 Humano cansa, e o sono me chama.
 Minha mente clama, por conhecimento.
 Peregrino ao relento, buscando abrigo.
 Minha alma insana quer conquistar o mundo. 
 Meu coração moribundo pulsa por sabedoria.
 Marco a estadia, lavo meu rosto na pia e conto com a sorte.
 Apesar do cansaço eu ainda sou meu próprio talismã.
 Não vou me entregar, tenho uma batalha a vencer hoje.
 Desistir só amanhã.

Meu corpo pede cama, pede descanso.
Depois de lutar o dia todo, nem mesmo sei se valeu à pena.
Minha sina perdeu a graça, já acabou minha cena.
A causa não vale as perdas, a luta perdeu o sentido.
O efeito não passa de efeito diante de tamanho cansaço.
Não sou feito de aço, também canso.
Agora minha única duvida é se durmo na cama ou na rede.
Meu rio de entusiasmo secou e sobrou apenas a sede.
E em passos cambaleantes eu sigo pelo caminho deserto.
O futuro ainda está presente, ainda que pareça incerto.

Meu corpo pede cama, pede descanso.
Finalmente me deito em meu leito, minha cama.
Resistir ao sono? Pergunto-me como.
Merecido descanso, me entrego ao sono.
Sem culpa por dormir de dia, vou descansar sem companhia.
O despertar é belo, é poesia, é bom humor diante a monotonia.
Acordar sem querer levantar, me vejo nessa realidade.
Onde a doce mentira parece verdade, onde o mundo inteiro parece metade.
A tarde cai, o sol se vai, e a lua me chama.
Mas acordar é preciso, recuperar o juízo e levantar da cama.
Abrir a mente e arrumar uma causa, sair de casa, fazer por merecer minha asa.
Começar a correr…
Dormir pra que?

“Terei muito tempo para dormir depois que eu morrer.”

[Henrique B. Lobato]

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