domingo, 26 de janeiro de 2014
E uma estrada se abre
Raio que passa nas nuvens,
Se vê céu aberto.
Água que cai decidida, escavando por si
Caminho para a vida.
A trajetória de um vôo que,
No horizonte da tarde…
Tudo nesta natureza tem estrada pra si.
Momento que segue momento
E um salto no tempo.
Para a unidade o mundo já se encaminha,
E não é só mais tarde.
Vamos então começar.
Busquemos dentro de nós:
Somente vivendo o amor, o mundo verá
Que uma estrada se abre, passo após passo.
Agora, por esta estrada, nós.
E aparece um céu, um mundo que renasce.
Viver, sim, aqui,
Para a unidade.
E uma estrada se abre,…
Barco que segue uma rota no meio das ondas,
Homem que abre caminho numa selva de idéias,
Seguindo sempre o Sol.
E quando a sede chegar
Tenta encontrar uma fonte…
Areia que em movimento retorna ao mar.
Vamos então começar.
Busquemos dentro de nós:
Somente vivendo o amor o mundo verá
Que uma estrada se abre,…
E uma estrada se abre,…
sexta-feira, 24 de janeiro de 2014
quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
E Tu?
Conta-se que uma vez 5 portugueses foram para a América,
em busca de outro. Esperavam encontrar ouro e deitaram rapidamente mãos ao
trabalho. E trabalharam, trabalharam duro. Trabalharam anos e anos duramente e
sem perder a ilusão. Lavaram montanhas de lama com a água fria dum rio negro, e
nunca apanharam ouro algum.
Não sei se sabes mas pensaram em desistir.
Mas logo pensaram: — como é que chegamos á terrinha
pobretes, mal vestidos, velhos e desdentados? E por lá foram ficando.
Continuaram a lavar terra, a remover cascalho. E nada. Nada. Numa manhã fria ao
descer em direcção ao rio um deles viu um piscar qualquer. Não ligou muito, mas
depois foi ver: TINHA ENCONTRADO OURO!
Atirou um bocado de água, depois mais um bocado e mais um
bocado. Era uma pepita de ouro bem grande, bem grande mesmo! Deu um berro e
chamou os outros quatro e começaram a desenterrar. Mas a pepita era bem grande
mesmo. Desenterraram, desenterraram e não a desenterraram toda. Por isso,
porque era sábado, decidiram cobri-la toda com pedras, lamas e galhos, limo. Até
um cão morto lá puseram.
Decidiram que tomariam banho, que iriam à cidade e por
que ao outro dia era Domingo. Participariam na Missa. Mas não diriam nada a
ninguém. Depois teriam uma semana inteira para tratar do assunto.
Como compreendes, o importante é que nenhum deles
dissesse nada a ninguém.
Por isso foram à missa juntos, depois almoçaram juntos,
durante a tarde foram juntos dançar com as raparigas e beberam uns copos. A
noite chegou e foram dormir, de manhã vestiram as roupas de trabalho e foram
para o belo trabalho que tinham entre mãos. Mas iam a caminho do lugar da
pepita quando se aperceberam que algumas pessoas os seguiam. Algumas não,
muitas pessoas seguiam em filinha cada um dos garimpeiros sortudos. Começaram a
desconfiar: será que foi este, será que foi aquele que disse? Ou foi o outro
que se meteu nos copos? Lá se perdeu tudo porque o mais jarreta deu com a
língua nos dentes… Enfim, desconfiaram uns dos outros.
Até que um, mais afoito, perguntou aos ‘perseguidores’:
— Que fazem aqui? Quem deu com a língua nos dentes?
Ao que lhe responderam:
— Calma amigo! Ninguém deu coma língua nos dentes!
Vocês é que andam tão contentes que se vê logo que
encontraram uma mina de ouro!
Negativo (?)
Não é que o medo a impeça de ser quem é
Só não sabe lá muito bem como é que há-de ser
Não é que ela não aprecie aquilo que tem
Mas dá muito mais atenção ao que pode ter
Não é que o silêncio a aflija mais do que o Sol
Em qualquer dos casos ela acaba por se esconder
Não é que ela viva do sonho de ter alguém
Mas tem uma esperança guardada de ser feliz
Não é que ela não acredite em ser mulher
Mas se alguém a quer e a seduz ela não diz
Então ela troca as palavras e fecha a luz
E pensa outra vez que o amor lhe escapou por um triz
E ela vai e vem
Vai e vem
Deixa no banco tudo o que tem
Ela vai e vem
Vai e vem
Nos bastidores não vê ninguém
Não é que ela esteja encalhada junto ao farol
Mas tem uma vela pintada por outra mão
Não é que o vento a amachuque mais do que o Sol
Porque o vento é sempre mais fraco que a solidão
Como as certezas são mais caras que as opiniões
E quando ela olha para o leme não há capitão
[Jorge Palma]
sábado, 11 de janeiro de 2014
Por todos os caminhos do mundo!
Por Todos os Caminhos do Mundo
A minha poesia é assim como uma vida que vagueia
pelo mundo,
por todos os caminhos do mundo,
desencontrados como os ponteiros de um relógio velho,
que ora tem um mar de espuma, calmo, como o luar
num jardim nocturno,
ora um deserto que o simum veio modificar,
ora a miragem de se estar perto do oásis,
ora os pés cansados, sem forças para além.
Que ninguém me peça esse andar certo de quem sabe
o rumo e a hora de o atingir,
a tranquilidade de quem tem na mão o profetizado
de que a tempestade não lhe abalará o palácio,
a doçura de quem nada tem a regatear,
o clamor dos que nasceram com o sangue a crepitar.
Na minha vida nem sempre a bússola se atrai ao mesmo
norte.
Que ninguém me peça nada. Nada.
Deixai-me com o meu dia que nem sempre é dia,
com a minha noite que nem sempre é noite
como a alma quer.
Não sei caminhos de cor.
[Fernando Namora, in 'Mar de Sargaços']
quarta-feira, 1 de janeiro de 2014
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