sexta-feira, 5 de outubro de 2012

É tudo uma questão de Amor!


 
Vou contar-vos um episódio dum grão de trigo. Estamos no Outono. Os céus encontram-se claros, mas o frio sente-se no corpo e muitas vezes na alma, o sol já não está tão quente. As folhas já começam a cair lentamente. Já se encontram de outra cor. Toda a natureza começa também ela, já a falar-nos de morte… Caminho, percorro um caminho campestre, na leiva a lavrar está a silhueta dum lavrador que entoa as notas de uma alegre canção. Com passadas majestosas, movimenta-se para cima e para baixo, com os pés na terra. Na sua alma, descrevo uma viva esperança, duma próxima colheita, e das suas mãos calejadas, recordo o partir em forma de leque de uns grãos de trigo,que logo ficarão depositados na terra. Sim, o grão de trigo escondido na terra irá morrer aos poucos, até morrer todo. Passarão alguns dias, e numa manhazinha assomará a flor da terra. A vida nascerá da morte. Um longo caminho será necessário, invernos frios e chuvosos, noites de geada. Mas, por fim, chegará a primavera com o gorjear dos passarinhos, com o manto das coloridas flores. O caulezito de trigo ressurgirá adornado com formosa espiga, cheia de esperança. Os dias passarão, o caminho abrir-se-á e a espiga irá granar. Chegará o Verão, com os seus dias de calor, e o lavrador que hoje vi, dirigir-se-á novamente ao campo, ceifará o trigo e em grandes gabelas levará o trigo para a eira para o debulhar… Cantará novamente cheio de alegria, porque terá realizado as esperanças nascidas na sua alma, desta manhã outonal! Penso que se o grão de trigo não morrer, o lavrador não terá o que colher… mas morrerá, e as espigas serão levadas para a eira, com os seus milhares de grão que hão-de ser pão para muitas famílias… Assim, deverá ser o nosso caminho de peregrinos? É Tudo uma questão de Amor!

Sem comentários:

Enviar um comentário