Abre-me a Porta
Pai!
Abre-me a Porta!
Porque venho cansado
e derrotado
desfeito
pobre
e nu
e envergonhado
Tudo esbanjei
Só trago
encravados no peito
nele bem entranhados
os pungentes punhais
de todos os Pecados Capitais
Delapidei o rico Património
do teu Amor
na subida
arrogante e pressurosa
da Montanha da Vida
E hoje conheço a Dor
Da descida agoniante
trémula e vagarosa
pela encosta abrolhosa
na que nos acompanha
só
o impiedoso demónio
da consciência dorida
da fortuna malgasta
dissipada
e a existência perdida
Abre-me a Porta
Pai!
E acende a luz da Casa
que outrora foi a minha
quando eu era inocente
criancinha
Não me tardes
Senhor!
Abre-me a tua Porta luminosa
depressa, por favor!
[Ernesto Guerra da Cal]
Sem comentários:
Enviar um comentário