domingo, 10 de março de 2013

Filho Pródigo!


Abre-me a Porta
Pai!
Abre-me a Porta!

Porque venho cansado
e derrotado
desfeito
pobre
e nu
e envergonhado

Tudo esbanjei
Só trago
encravados no peito
nele bem entranhados
os pungentes punhais
de todos os Pecados Capitais

Delapidei o rico Património
do teu Amor
na subida
arrogante e pressurosa
da Montanha da Vida

E hoje conheço a Dor
Da descida agoniante
trémula e vagarosa
pela encosta abrolhosa
na que nos acompanha
o impiedoso demónio
da consciência dorida
da fortuna malgasta
dissipada
e a existência perdida

Abre-me a Porta
Pai!
E acende a luz da Casa
que outrora foi a minha
quando eu era inocente
criancinha

Não me tardes
Senhor!
Abre-me a tua Porta luminosa
depressa, por favor!

[Ernesto Guerra da Cal]

Sem comentários:

Enviar um comentário