«Se houver um caminho entre aquele que marcha e o objectivo para o qual tende, há esperança de o atingir; se faltar o caminho, de que serve o objectivo?» [Santo Agostinho]
domingo, 30 de setembro de 2012
Relato da Peregrinação de uma família carmelita (VIII)
O ensinamento que todos nós
aprendemos é que peregrinar é caminhar em direção a Deus, e sempre que o
fizermos, o façamos da forma mais simples e humilde, levando sempre connosco a
graça e a Luz de Cristo, bastando-nos só o que Deus nos dá: alegria e paz!
Em termos económicos podemos
dizer que partimos de casa com cerca de trezentos euros no bolso, erámos quatro
pessoas e tínhamos que tomar os pequenos almoços, pagar as dormidas sempre que
tínhamos albergue, almoço e jantar, durante dez dias. Este dinheiro tinha que
chegar até ao dia 24, pois era quando o João voltaria a receber. Foi
complicado, mas tudo superamos.
No dia 24 já nos sentíamos um
pouco melhor, foi caro mas foi bom. Esta peregrinação não nos serviu de férias,
serviu-nos de tempo de reflexão, de encontro, de partilha, de serenidade, paz
de espirito… Tudo isto eu, o João, o Simão e a Rita estávamos a precisar deste
tempo.
E quando na nossa vida caminhamos
todos na mesma direção: Jesus Cristo, tudo vale a pena. O Cansaço, as lágrimas,
a fome, a sede, o caminho em si, mesmo quando surgem dificuldades, Ele e para
Ele tudo vale e se supera. E Ele o condutor e o protetor da minha vida e da
vida da minha familia.
Ao terminar o nosso testemunho
gostaria de dizer que ao longo da história o Homem foi sempre comparando a sua
vida a um caminho, um percurso que tem que percorrer. Ao percorrer um caminho
há oportunidade para refletir, pensar e idealizar o caminho que queremos
percorrer na nossa vida.
O caminho até santiago de
Compostela não é exceção. Percorre-lo é ao mesmo tempo, caminhar sobre uma
longa estrada de estrelas carregadas de histórias, tradições e magias… Que todo
aquele que se faz ao caminho, desperte toda a sua atenção, pois o caminho dá
aos peregrinos sensações únicas.
No caminho até Santiago, devemos
estar sempre alertas, pois até o sussurro do vento pode ter algo para nos
dizer…
Até sempre;
Júlia e João Montes
Peregrina hositaleira do Albergue São João da Cruz dos caminhos
A Esmeralda Patrício é uma das
hospitaleiras do nosso albergue de São João da Cruz. Por estes dias está em
peregrinação a caminho de Santiago de Compostela. Pediu para rezarmos por ela e nós
rezaremos. Pedimos-lhe para ele nos recordar
ao amigo de Jesus, o senhor São Tiago e ela prometeu que recordaria. Força, Esmeralda. E conta-nos como
foi.
sábado, 29 de setembro de 2012
Um filme a não perder!
Esta é a história dum americano que vai buscar o corpo do filho a França, que faleceu numa forte tempestade enquanto fazia o Caminho Francês de Santiago. A dor da perda do seu filho e do não perceber o motivo que levou o filho a fazer tal disparate de percorrer 800 km a pé sozinho, levam-no a querer fazer também O Caminho. Esta viagem é um resgatar de memórias da vida com o filho, um repensar no modo de vida que leva, um caminho interior de auto-descoberta.
De albergue a albergue...
Caminhada pelo Caminho Português da Costa, com início no Albergue São João da Cruz dos Caminhos, convento do Carmo em Viana do Castelo a terminar no Albergue de Caminha.
Sábado dia 20 de Outubro às 8h.
Coloca os pés ao caminho.
Informações e inscrições:
ou
Relato da Peregrinação de uma família carmelita (VII)
A etapa que mais custou foi a do
primeiro dia, entre Viana e Caminha, porque levávamos demasiada carga, e o
calor era imenso, e íamos com ideia de chegar a horas ao albergue, até que
devido ao calor e ao cansaço o João sentiu-se mal, foi um pouco complicado, mas
não podíamos fracassar de maneira alguma. No dia seguinte lá continuamos
caminho. E já era tanta a boa disposição que passamos a manhã a comer cerejas.
Muitas e variadas coisas que cada
um de nós podia guardar no coração, muitas mesmo, mas o que de mais profundo
nos ficou foi Jesus Cristo.
Porque em tudo Ele esteve presente,
senão vejam:
Sempre que o cansaço era muito e
o calor apertava Ele punha sempre ao nosso jeito uma sombrinha para nos
proteger do sol que queimava. Quando a água das garrafas acabava, o Senhor
Jesus nos colocava as nascentes de água fresca, saída da montanha para matarmos
a sede que por vezes nos incomodava, até para nos abstrair dos quilómetros que
ainda faltavam, nos enviava a boa disposição, e na mais completa gargalhada eu
fazia cerca de uns cem metros para trás, só porque tinha deixado no banco uma
tampa. Mesmo quando chegávamos aos albergues e as portas nos fechavam, porque
estavam cheios e tínhamos que dormir ao relento, aí se encontrava Ele. dormia a
nosso lado para que nada nos acontecesse.
Pela manhã não tínhamos hora para
levantarmos, porque um dia nos deitávamos mais cedo outro mais tarde, por vezes
não tínhamos sono e ficávamos a conversar sobre as peripécias do caminho.
Eramos sempre bem recebidos pelas
pessoas que encontrávamos no caminho e nos locais onde parávamos, as pessoas
saudavam-nos com carinho, eram afetuosas, desejavam-nos sempre um bom caminho e
tudo de bom.
Nós fizemos o caminho português da Costa até
Santiago e desde o segundo dia até ao quarto dia tivemos alturas que fizemos
quilómetros e quilómetros de caminho sem ver ninguém, apenas de um lado
montanha e do outro lado o mar imenso, calmo e suave. Era só andar, andar, e
não víamos ninguém. Se tivéssemos fome ou sede era muito complicado, porque o
remédio era aguentar até quando encontrássemos um lugar onde pudéssemos petiscar
alguma coisa.
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
Reunião dos hospilaleiros do albergue São João da Cruz dos Caminhos
Uns caminham, outros colocam-se ao serviço daqueles que caminham! Trabalham
como voluntários, tornando o albergue São João da Cruz dos caminhos um lugar
muito especial! Mas fazer deste albergue um lar dá muito trabalho. Por isso, um
pequeno grupo de hospitaleiros do Albergue São João da Cruz dos Caminhos,
composto por 6 elementos, reuniu hoje pelas 18h com o objetivo de melhor
desenvolver a hospitalidade. É este esforço e cooperação que fazem deste
albergue aquilo que ele é e será... Que São João da Cruz, nos ajude a reconciliar
o nosso ser para que sejamos capazes de acolher e transmitir a reconciliação
com o nosso «ser hospitalidade» aos peregrinos, que no nosso albergue, querem
encontrar um porto seguro para pernoitar.
Relato da Peregrinação de uma família carmelita (VI)
A etapa mais bela foi quando… (lá
se encontram as lágrimas outra vez, louvado seja Deus!) Dizia eu que a etapa
mais bela foi quando chegamos os quatro à frente da Catedral de Santiago com as
camisolas do dia da Família carmelita vestidas. Pousamos os cajados no chão em
forma de concha e com a voz forte cantamos o hino nacional, para de seguida de mãos
dadas entrarmos na catedral. Na catedral do silêncio onde o Senhor nos
aguardava, foi um belo e magnifico momento. Eu, nem sei mais como o descrever.
Um encontro belo que em mais nenhuma outra vez tínhamos tido com Jesus Cristo.
Era o Senhor que ali estava que nos recebia no seu abraço de Pai. O João com os
olhos cheios de lágrimas dizia: «á sombra das Tuas asas me recolho e descanso.
Eis-nos aqui Senhor!»
Ali estivemos uma infinidade de
tempo, não conseguíamos articular palavra tal era o assombro. Era uma imensa
paz que sentíamos.
Fomos depois à oficina do
Peregrino para nos ser atribuída a Compostelana, escrita em latim. Eu a Rita e
o Simão aguardávamos já cá fora, com uma imensa fome, e as posses para nos alimentarmos
era poucas. Jesus nos envia um homem, que ao chegar à nossa beira diz que nos
tinha visto a caminhar, e que nós devíamos estar com fome. Trazia-nos algo de
comer. Tortilha e empada de frango. - Aceitai, eu ficaria muito contente. Dizia-nos.
Aceitamos. Quando o João chegou, perguntou quem nos tinha dado de comer. Eu
apenas disse: - Foi o Senhor, João, através daquele senhor que está do outro
lado da rua! Lá se encontrava o Senhor e a respetiva família. Foram momentos
que jamais esqueceremos, disso tenho a certeza.
Desde o primeiro dia da
peregrinação que tomamos a ideia firme de rezarmos todos os dias, várias vezes
ao dia porque mesmo em casa já é hábito rezarmos e todos os momentos os
fazíamos. Bastava passarmos por uma igreja, mesmo que estivesse fechada.
Ficávamos à porta e cada um de nós fazia uma oração. Os nossos pedidos ao
Senhor e à Nossa Senhora do Carmo, a Santa teresa de Jesus e a S. João da Cruz.
Rezamos sem cessar para que eles intercedessem por nós junto de Deus.
Casal simpático!
Ontem ao findar da tarde,
recebemos no nosso albergue um casal muito simpático da Polónia. Fazem o
caminho da Costa desde do Porto e pretende que Santiago de Compostela seja a
sua meta peregrina este ano. Vão animados, apesar dos obstáculos do caminho. Assim
é a vida dum casal peregrino! Que continueis a caminhar sobre a proteção de São
Joao da Cruz e as forças não vos faltem nas etapas que tendes pele frente.
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
E assim, fazemos caminho!
Obrigada António Fernandez pela partilha no facebook
Adelante peregrino...
Ide e sede peregrinos!
Esta tarde, dois peregrinos chegaram ao nosso albergue. A Catarina de nacionalidade Alemã e o Agustine de nacionalidade Espanhola. Chegaram os dois, muito animados e sorridentes. Já se conheciam. São amigos. O caminho fez com que eles se conhecessem quando ambos faziam o caminho de Vezelay a Santiago de Compostela. Não é a primeira vez que partem nesta aventura. Sentem-se peregrinos de alma e coração. Gostam de colocar pés ao caminho, encontrar novas pessoas, novas paisagens, encontram-se consigo... E, para eles o caminho não acaba quando terminam as etapas... Sentem-se com forças para continuar a caminhar todos os anos. Capazes de queimar no corpo novas roupas.... Que o caminho se abra para eles passo após passo. Agora por esses caminhos, ide e sede peregrinos!
Caminhante...
[Desenhos de Rita Montes]
"Caminhante, não há caminho -
o caminho faz-se ao caminhar"
(Pablo Neruda)
Relato da Peregrinação de uma família carmelita (V)
A última etapa foi esta. Estávamos
a chegar a Santiago, quanta emoção, quanta alegria, quanta paz. Neste dia não
andávamos, voávamos. Durante sete dias fomos pássaros voando pelos caminhos de
Santiago e Jesus Cristo, Senhor da vida e de tudo lá estava à nossa espera para
nos acolher no seu braço terno.
Já em Santiago, pernoitamos duas
noites no Monte do Gozo, isto é a 5km da cidade, foi muito bom, fomos acolhidos
muito bem, tínhamos banho quente, cama limpa e muito sossego.
O Monte do Gozo foi o lugar ideal
para num clima de paz e serenidade em silêncio conversarmos com o Senhor e lhe
dizer que para o ano tudo faremos para vir novamente a Santiago. Desculpem a
letra tremida, mas são as lágrimas de emoção e de muita saudade que me
atrapalham um pouco a visão.
As nossas mochilas eram demasiado
pesadas, passado já um mês e meio agora vejo que exageramos em relação à roupa
que levamos, assim como outros pertences, que nos dificultaram um pouco o
caminho, mas mesmo assim, quando passamos em Vila Praia de Ancora, fomos a casa
do nosso filho João e deixamos lá uma boa parte das coisas que iam a mais.
Reduzimos ao extremamente essencial, ao ponto de levarmos nas mochilas só uma
muda de roupa e um sabonete para o banho sempre que era possível. E a roupa que
ia no corpo, a documentação e as credenciais que carimbávamos pelos locais onde
passamos e parávamos para pernoitar.
Ensinai-nos a contar assim os nossos dias!
Senhor, tendes sido o nosso refúgio através das gerações.
Vós podeis reduzir o homem ao pó,
dizendo apenas: "Voltai ao pó, seres humanos!"
Mil anos a vossos olhos são como o dia de ontem que passou
e como uma vigília da noite
Vós os arrebatas como um sonho,
ou como a erva que de manhã verdeja,
como a erva que de manhã brota vicejante,
mas à tarde está murcha e seca.
Ensinai-nos a contar assim os nossos dias,
para podermos chegar ao coração da sabedoria.
Voltai, Senhor! Até quando...
Tem compaixão dos teus servos
Saciai-nos desde a manhã com a vossa bondade,
para nos alegrarmos e exultarmos todos os dias.
Venham sobre nós as graças do Senhor, nosso Deus!
Confirmai em nosso favor a obra das nossas mãos.
[Salmo 90]
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Relato da Peregrinação de uma família carmelita (IV)
No dia seguinte caminhamos para
Padron, era uma nova etapa, o calor era imenso, o cansaço era muito. A Rita e o
Simão, já se ressentiam, e também, mas o João, lá nos ía animando e dando
força. Quando chegamos já nem fomos procurar albergue e por decisão de todos
íamos dormir ao relento novamente e teria que ser numa relvinha fresca e macia,
de preferência num jardim. E se assim o pensamos, muito melhor o fizemos. Fomos
de novo ao supermercado Fraiz, compramos mais umas coisitas, atum, sardinhas,
sumo, pão, leite e sempre 4 iogurtes e lá fomos para uma praça enorme, com uma
relva. Instalamo-nos. O Simão pegou logo no saco cama e tratou de se instalar
ao lado de um canteiro de flores, ali é que era o seu sitio, dizia ele. Mas o
João achou por bem irmos pedir autorização à polícia civil, para ali ficarmos,
falamos com uma rapariga e ela ajudou-nos. Contactamos a polícia e tivemos
permissão para ficar ali. Aconselharam-nos a encontrar um recanto mais
resguardado, era um local central e muito movimentado. Mudamos de sítio.
Mas, por altura da nossa chegada
a Padrón paramos numa fonte que se chamava: Nossa Senhora do carmo, foi
emocionante encontra-la ali, foi uma delícia beber aquela água, naquele dia de
calor escaldante. A Virgem do Carmo acompanhava-nos desde o início da nossa
peregrinação, Caminhava no nosso coração!
É muito bom dormir ao relento,
podemos ver as luzes do céu, as estrelas, o silêncio da noite e aquela brisa
amena que mesmo nas horas de desanimo e cansaço sempre nos acompanhava. era
semelhante a um sopro muito suave, e como nos sabia bem. Entretanto
adormecemos! Estávamos muito cansados. Mas eis que fomos surpreendidos por uma
carga de água valente, e aí é que se instalou a confusão, o riso, a surpresa, o
espanto, gargalhadas enormes ecoaram naquela praça, era tanta a boa disposição
que nem sabíamos o que fazer. Eram os expressores da rega, tinham começado a
funcionar nos tinham surpreendido em pleno sono, mas por mais que a água caísse,
o nosso amigo Simão continuava a dormir tranquilo, apesar de toda a confusão,
até que acordou e aí foi de chorar a rir com o aparto que ele fez! Arrumamos as
coisas, não era preciso vestir pois dormimos vestidos e «cheirávamos a cavalo» …como
dizia o Simão. Pois, nem sempre tínhamos banho. Neste dia eram seis da manhã e
já caminhávamos, foi o dia em que o fizemos mais cedo.
terça-feira, 25 de setembro de 2012
«Alguma dor cura a alma»
Esta é a história dos peregrinos de Fátima e Santiago de Compostela, contada pelo jornalista Carlos Ferreira, que percorreu a pé a distância entre os dois santuários.
Descrição
«Há mais de mil anos que gente de todo o Mundo caminha para Santiago de Compostela. Porquê? Quem são estas pessoas que palmilham centenas ou milhares de quilómetros ao encontro do sepulcro do Apóstolo de Jesus? Porque são cada vez mais os que fazem o Caminho para abraçar o Matamouros? E como começou o culto religioso cristão de um dos maiores sucessos turísticos de Espanha da actualidade? Há cem an...
os um milagre iluminou uma multidão acotovelada na Cova da Iria, 481 quilómetros a Sul. Quem são os homens e mulheres que andam o País inteiro para rezar aos pés da Virgem? O que os move? Porque não param de aumentar os caminheiros carregadores de promessas até Fátima, um dos mais relevantes fenómenos mundiais do culto mariano? E será que há uma ligação entre os dois maiores locais de peregrinação cristã da Península Ibérica?»
Apresentação do livro:
"Alguma dor cura a Alma”, marcada para sábado, dia 29 de Setembro, às 11h30, no Albergue de Peregrinos de São Teotónio de Valença do Minho (junto aos bombeiros voluntários), no âmbito do Fórum Peregrino: http://www.forumperegrino.org
"Alguma dor cura a Alma”, marcada para sábado, dia 29 de Setembro, às 11h30, no Albergue de Peregrinos de São Teotónio de Valença do Minho (junto aos bombeiros voluntários), no âmbito do Fórum Peregrino: http://www.forumperegrino.org
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
Relato da Peregrinação de uma família carmelita (III)
Na etapa seguinte, já em Caldas de Reis, chegamos um bocadinho tarde, porque desde o início da peregrinação que íamos sem pressas, parávamos para descansar à sombra das árvores, para lavar os pés na água fresquinha que corria nos caminhos e beber também das fontes naturais que o Senhor ia colocando ao nosso dispor, mas neste dia eu, Júlia, tive também que lavar a roupa num tanque, e como tal demoramos mais algum tempo.
Neste dia, parámos no parque natural de Ria barbosa, é um local de descanso, onde pudemos dar banho e serenar um pouco, é lindo este local. Todas as pessoas aproveitam as maravilhas da mãe natureza. Por fim, chegamos a calda de Reis. Dirigimo-nos ao albergue e mais uma vez o albergue estava cheio, já não havia lugar para nós, mais uma vez dormimos ao relento, mas o Senhor que é Pai de Misericórdia, nos envia uma rapariga não sei de onde que tudo fez para que dormíssemos num local decente, menos ao relento, E o que é certo é que acabamos por dormir num apartamento só para nós. Que bem que nos soube, tínhamos banho quente, jantamos, tínhamos feito umas compritas, isto é, umas conservas de atum e sardinhas, leite para a Rita, pão e manteiga para o pequeno-almoço do dia seguinte.
Fórum Peregrino 2012
O Fórum Peregrino pretende ser um espaço aberto de encontro e de diálogo entre peregrinos de diferentes lugares, e uma oportunidade para uma reflexão em voz alta sobre a peregrinação jacobeia e o Caminho de Santiago. Não é um conjunto de conferência, antes um debate aberto entre todos, em que cada um dos participantes poderá expor as suas próprias ideias. Realizar-se a na eurocidade de Valença do Minho (Portugal) e Tui (Galicia), nos dias 28, 29 e 30 de Setembro de 2012.
Para mais informações & inscrições:http://www.forumperegrino.org/
Para mais informações & inscrições:http://www.forumperegrino.org/
domingo, 23 de setembro de 2012
E tu peregrino, como caminhas?
«A pessoa que caminha para Deus e não afasta de si as preocupações, nem
domina as suas paixões, caminha como quem empurra um carro encosta a cima.» [São João da Cruz]
Vinde, contemplai as obras do Senhor!
Deus é o nosso refúgio e fortaleza,
socorro bem presente na angústia.
Portanto não temeremos, ainda que a terra se mude,
e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares.
Ainda que as águas rujam e se perturbem,
ainda que os montes se abalem pela sua braveza.
Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus,
o santuário das moradas do Altíssimo.
Deus está no meio dela;
não se abalará.
Deus a ajudará, já ao romper da manhã.
Os gentios se embraveceram;
os reinos se moveram;
ele levantou a sua voz e a terra se derreteu.
O SENHOR dos Exércitos está connosco;
o Deus de Jacó é o nosso refúgio.
Vinde, contemplai as obras do SENHOR;
que desolações tem feito na terra!
Ele faz cessar as guerras até ao fim da terra;
quebra o arco e corta a lança;
queima os carros no fogo.
Aquietai-vos,
e sabei que eu sou Deus;
serei exaltado entre os gentios;
serei exaltado sobre a terra.
O SENHOR dos Exércitos está connosco;
o Deus de Jacó é o nosso refúgio.
[Salmos 46:1-11]
A marca que deixamos nos outros é caminho!
Maria,
quando criança à menor provocação e contrariedade tinha um carácter muito
furioso, irreflectido. Toda a gente desaprovava os seus actos e até mesmo a
pequena Maria se sentia envergonhada quando não conseguia controlar a sua ira
apesar de muito se esforçar para não repetir os seus actos.
Certo
dia na escola, o professor ficou impávido e orgulhoso da pequena Maria, quando
se dirigiu a um dos amigos e pediu-lhe desculpa. O professor pegou numa folha
de papel e entregou a Maria pedindo-lhe:
-Maria, amassa-a, amassa esta folha com toda a tua força, com toda a tua energia,
faz dela o que quiseres… no fim quero que ela volte a ficar igual tal como eu
te entreguei.
Maria,
por mais que se esforça-se não conseguiu deixar a folha tal como o professor a
tinha entregue. O papel ficou amarrotado, com muitos vincos, bem tentou alisar
com todos os objectos que encontrava mas nada a fazia regressar ao estado
inicial.
O professor, vendo o esforço de Maria, com um olhar terno e enternecedor
abeirou-se dela e retorquiu:
-
Sabes Maria, jamais essa pequena folha ficará igual, o coração e cada pessoa é
como este papel. As marcas que nas pessoas deixamos em consequência dos nossos
actos, são tão difíceis de por vezes dilacerar…
Relato da Peregrinação de uma família carmelita (II)
Foram ao todo oito etapas, mas ainda não tínhamos chegado ao fim, já as saudades de tudo o que estávamos a viver naqueles dias, começavam a sentir-se. Todos os locais, paisagens, tudo o que vivemos e sentimos são de uma magia, de uma calma e serenidade que não dá para descrever, só vivendo e sentindo. Até o cansaço e as lágrimas que por vezes nos caíam pela face, até isso era um doce.
Pernoitamos uma vez na tenda que levamos na bagagem, em caminha no Albergue de Peregrinos, em Maugaz e pela primeira vez na nossa vida, fomos um grupo sem-abrigo, porque o albergue que encontramos não era para peregrinos, mas sim um albergue de turistas, e nós não eramos turistas, mas sim peregrinos, e era muito caro para as nossas posses, assim sendo continuamos a caminhar estrada fora, eram já onze horas da noite, até que por fim acabamos por dormir numa paragem de autocarro, ainda por cima fazia uma espécie de ladeira e quando dei por mim estava a dormir dentro do saco de camo no meio do passeio.
Em Mancha, voltamos a dormir ao relento nos sacos de cama por detrás de um prédio do supermercado Dia, mas para encontramos este cantinho, ainda tivemos que andar um pouco, porque para aqueles lados à noite há muita gente pelas ruas e as pessoas olhavam para nós de uma maneira diferente, e Deus nosso Senhor nos fez encontrar as traseiras daquele prédio para nos aconchegarmos.
Em Pontevedra, quando chegamos ao albergue, este já estava esgotado desde as duras horas da tarde, e nós tínhamos chegado às seis. Como o Albergue estava cheio, mandaram-nos para o pavilhão enorme que estava a acolher os peregrinos e os ciclistas que também faziam o caminho até Santiago. Tivemos que ainda andar mais um bom bocado. Estava demasiado calor e nós demasiado cansados, a Rita entrou em desespero e desatou a chorar com o cansaço e o desânimo. O Simão desatou a dizer que o pavilhão era do outro lado do planeta pois não havia meio de lá chegar e que nunca mais se metia noutra aventura peregrina como esta. Até que por fim chegamos…Acomodamo-nos nos colchoes, e fomos às comprar para comer. Os restaurantes eram demasiado caros e no bolso não abundava dinheiro, o João só receberia no dia 24, tudo era calculado.
sábado, 22 de setembro de 2012
Um longo caminho...
Marie Kazazi, nacionalidade Suiça chegou ao nosso albergue na tarde do dia de hoje, peregrina desde a França, de Vezelay. Muitos kms já percorridos e outros tantos para percorrer. Muito serena, simpatica e alegre. é apaixonada pelos encantos do caminho, das pessoas que recebem e acolhem...Que São João da Cruz e Santiago sejam guias... Bom caminho!
PEREGRINO não desistas de caminhar!
«A desilusão é o começo da verdadeira vida. Tornamo-nos homens quando saímos das ilusões para entrar no real. É o que se verifica em todas as circunstâncias: educação, casamento, caridade.»
[Abbé Pierre]
[Abbé Pierre]
Relato da Peregrinação de uma família carmelita (I)
Pegadas, passo a passo…
Ao iniciarmos esta peregrinação convém
recordar a intenção que nos leva a fazê-la. os locais que desejamos visitar dão
testemunho da devoção do povo de Deus, que aí ocorre para lá voltar fortalecido
na profissão da sua fé e na pratica da caridade. mas também nós, eu, o João, a
Rita e o Simão, peregrinos, devemos levar alguma coisa aos fieis que lá vivem,
levamos o Carmo no coração e no pensamento a nossa fé, Esperança e caridade
para todos os que moram naquele local e os que vão de fora nos edifiquemos
mutuamente.
Somos:
Júlia Montes – 50 anos
João Matias- 54 anos
Rita de Cássia Montes – 11 anos
Simão Pedro Montes – 15 anos
«O Senhor Deus é a nossa força. Torna os nossos pés ágeis como os da
corsa e faz-nos caminhar nas alturas.» [hab 3,19]
Senhor; vem caminhar connosco! Tu
que concedes sempre a tua mesiricórdia aos que te amam e em nenhum lugar estás
longe dos que te procuram, assiste-nos Senhor nesta peregrinação e dirige as
nossos caminhos segundo a Tua presença protectora e iluminados de noite com a
luz da tua graça te tenhamos como companheiro da nossa viagem e cheguemos
felizes ao lugar do nosso destino. Julia, João, Simão e Rita.
A frase, aliás o conselho que nos
acompanham durante toda a peregrinação:
Disse-nos assim o Frei João, nos
claustros da Igreja do Convento do Carmo, depois de tirarmos uma foto com ele:
- Ides certamente sofrer em certas alturas, mas não desistam, porque
vale a pena!
E valeu, podem crer!
Fizemos a nossa peregrinação pelo
caminho Português da Costa até Santiago de Compostela, do dia 17 ao dia 24 de
Julho. O que nos levou a peregrinar foi a vontade imensa de irmos ao encontro
do Senhor e a certeza absoluta de que o encontraríamos. é muito bom quando
conseguimos deixar tudo para trás, o conforto das nossas casas, o descanso e as
demais coisas a que estamos habituados. Mochilas às costas, levando apenas o
essencial, partimos, fizemo-nos ao caminho com muita alegria e paz no coração.
O João já tinha feito esta
peregrinação três vezes pelo caminho português da costa e uma pelo caminho francês.
Para o João esta era a quinta vez. Eu já tinha feito o caminho Português em
2004, como grupo de jovens da minha paróquia, era a segunda vez.
Quando pensamos em fazer esta
peregrinação decidimos que a faríamos em família porque assim seríamos um todo,
apoiáramo-nos uns aos outros. Para nós peregrinar é fazermo-nos ao caminho mas
sem pressas, a fim de podermos ver e admirar todos os locais, a natureza, as
paisagens e saborear de alma e coração aquela brisa fresquinha e suave que
sempre nos acompanhou ao longo de todas as horas e todos os dias.
Começamos a nossa peregrinação no
dia 17 de julho pelas 18h, hora que saímos de casa e nos dirigimos à Igreja da
nossa paróquia, a fim de assistirmos à eucaristia e onde o Senhor Padre Fraga
nos abençoou e fez também a bênção das mochilas e dos cajados.
As etapas foram as seguintes:
Darque – Viana
Viana – Caminha
Caminha – Maugaz
Mougaz – Mancha
Mancha – Pontevedra
Pontevedra – Caldas de Reis
Caldas de Reis – Padrón
Padrón – Santiago de Compostela
Relato da Peregrinação de uma família carmelita
A família Montes, peregrinou este Verão até Santiago de Compostela. Comecaram o caminho em oração. Depois chegaram e escreveram um relato da peregrinação. Durante os próximos dias publicaremos o Relato da Peregrinação de uma família carmelita. Um grande obrigada a esta família por partilhar a aventura do caminho!
Oração do Peregrino
Apóstolo Santiago, escolhido entre os primeiros, tu foste o primeiro a beber o cálice do Senhor, e és o grande protector dos peregrinos; torna-nos fortes na fé e alegres na esperança, no nosso caminhar de peregrinos e, dá-nos o alento para que, finalmente alcancemos a glória de Deus Pai. Amén.
Hino ao apóstolo Santiago
[Rita Montes, 18.09.2012]
Santo Adalid, Patron de las Españas,
Amigo del Señor:
Defiende a tus discipulos queridos,
Protege a tu nacion.
Las armas victoriosas del cristiano
Venimos a templar
En el sagrado y encendido fuego
De tu devoto altar.
Firme y segura como aquella Columna
Que te entrego la Madre de Jesus,
Sera en España La Santa Fe cristiana,
Bien celestial que nos legaste Tu.
Gloria a Santiago,
patron insigne
Gratos, tus hijos,
Hoy te bendicen.
A tus plantas postrados te ofrecemos
La prenda mas cordial de nuestro amor.
Defiende a tus discipulos queridos!
Protege a tu nacion!
Protege a tu nacion!.
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Patrícia e Júlio, um jovem casal peregrino!
Hoje recebemos um simpático casal do Porto: a
Patrícia e o Júlio. Partiram do Porto há 3 dias. Ganharam o "vício"
pelas setas amarelas no ano passado quando fizeram pela primeira vez O Caminho
Central e desde aí gostavam repeti-lo todos os anos nas férias. Querem fazer os
vários trajetos. Este ano tencionam ir até Santiago seguindo o Caminho da Costa
por La Guardia até Santiago e se ainda puderem irão até Finisterra. Fazem-no
pelo desporto, embora saibam que isto não é uma corrida. Andam ao ritmo do
corpo, andam pela partilha de saberes, de vivências, de culturas e para
conhecer novos lugares. Fazem-no, sobretudo, pela partilha do Humano que vão
encontrando com quem se cruzam, apreciando os pequenos nadas do belo que a
natureza lhes mostra e as experiências que O Caminho lhes proporciona. Que
São Tiago os abençoe e Bom Caminho para eles!
Para caminhar não é preciso tudo
Para caminhar não é preciso tudo.
Não é preciso muito. Nem mesmo do que mais gostas.
Faz-te ao caminho ligeiro de equipagem!
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
Peregrinas Polacas
Ao final da tarde de hoje, três peregrinas polacas chegaram ao nosso Albergue, Anna, Seawina e Magdalena... Não vinham desanimadas, encatadas com o caminho. Um caminho de muito calor. Sairam da cidade do Porto e a Santiago querem chegar. Que o Caminho da Costa, que nestes dias percorrem seja para elas uma experiência peregrina muito positiva. Bom caminho...
O Caminho... mais vale senti-LO!
Aqui vos deixamos um belo testemunho do caminho da Cristina Malta, (voluntária hospitaleira no nosso albergue) após ter feito pela segunda vez o caminho até Santiago de Compostela...
«Encontrar palavras para falar d'O Caminho é difícil... Mais vale senti-LO...
A maior parte das pessoas o faz pelos mais diversos motivos: para se conhecer melhor, por fé, para testar os seus limites físicos e psicológicos, para encontrar um pouco de paz interior... A paz interior que, por vezes, é difícil de encontrar no dia a dia apenas porque não guardamos tempo para nós... Essa paz interior que existe JÁ no nosso coração e não sentimos à custa da azáfama da vida, do trabalho, da escola, dos filhos, dos sobrinhos, da crise, do governo, do trânsito e de todas aquelas coisas que insistem em nos distrair do mais importante: o ser humano!
O Caminho tem algo de místico e mágico. É como se o próprio caminho fosse uma entidade viva que nos guia, nos protege, nos proporciona tudo o que precisamos nas mais diversas formas. Seja isso água, comida, pessoas ou experiências para vivenciarmos bem cada momento, para respirar profundamente e pensar na vida... Na maneira como a vemos e como a vivemos. Tomar consciência da nossa Humanidade e pisar o chão da melhor maneira.
Cada passo é uma atitude, cada passo é um sentimento, cada passo é uma característica pessoal... Se não olhamos para o chão e vamos distraídos tropeçamos na pedra ou no pau, metemos o pé na poça de água ou num buraco, deixamos cair um acessório, fazemos um entorse ou caímos. Se apenas olhamos para o chão medimos cada centímetro de cada passo, cansamo-nos mais, controlamos demasiado... e se o acaso fizer com que a pedra solta nos faça desiquilibrar culpamo-nos porque não foi o passo perfeito...
O melhor mesmo é escolher o caminho do meio! Aquele em que vamos de olhos abertos e conscientes no chão que pisamos, mas sem controlar tudo ao pormenor. Aquele que faz com que se nos molharmos não nos importemos, se nos magoarmos digamos "ai!" apenas as vezes necessárias e se cairmos nos levantarmos com força. Força, ânimo e alegria porque o caminho não foge... e vamos ter de o continuar. Se estivermos cansados logo já vamos repousar, se estivermos magoados a dor acaba por passar, se estivermos deliciados com a paisagem isso vai durar o resto do caminho e se estivermos alegres o coração transborda de felicidade.
É assim também o quotidiano! Aceitar o que o caminho da vida nos proporciona, lutar por aquilo que realmente vale a pena, viver a dor apenas o tempo necessário, respeitar a natureza e todos os seus seres e acima de tudo respeitar-se a si próprio!!! Absorvendo os ensinamentos das várias experiências, tomando consciência disso a cada momento e daquilo que precisamos para viver melhor....
O caminho do meio é estar verdadeiramente presente em cada passo. Se tropeçarmos aceitamos as consequências, se for o passo certo chegamos ao destino... não importa a pressa, importa chegar!
O destino??? Seja no Caminho, seja na Patagónia, na Etiópia, no trabalho, numa festa ou em casa não interessa!!!!
O destino é sabermos todos os dias que cada passo que demos na vida foi consciente e foi nosso!»
[Cristina Malta]
domingo, 16 de setembro de 2012
sábado, 15 de setembro de 2012
Dois a dois!
Chegaram dois a dois. São os 4 da Polónia. Uns a meio da tarde e outros dois ao final da tarde. Pouca coisa traziam consigo. São peregrinos. Começaram a caminhar desde a cidade do Porto e a meta não poderia deixar de ser Santiago de Compostela. Hoje de manhã bem cedo, duas assistiram a eucaristia. Outros dois meteram logo pés ao caminho. Animo e alegria são palavras que se encaixam nas suas vidas! Para este quarteto uma boa caminhada até Santiago...
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