domingo, 14 de dezembro de 2014

Dia de São João da Cruz

São João da Cruz, poeta do Amor!


«Não há trabalho melhor nem mais necessário que o amor»
[São João Da Cruz]


Hoje é dia de São João da Cruz. Com S. João da Cruz, aprendi que: «Não há trabalho melhor nem mais necessário que o Amor». Poucas são as pessoas que ao lerem São João da Cruz, não deixam de se apaixonar pelas suas palavras de amor, pela sua vida de entrega e doação. Tenho a certeza que as suas obras são momentos culminantes do pensamento universal, esmiuçando o tempo e o espaço num Tudo a quem devemos amar! Aprendi com ele que N´Ele todas as coisas se encerram! Do que tenho lido e entendido, felizmente não estou sozinha nesta convicção, cada vez mais me interesso por entender São João da Cruz mas ainda não entendi nem compreendi tudo. Não poderia ser de outra forma. Vejo neste homem, um homem que soube interessar-se por iniciativa própria pela essência da contemplação, um homem de Deus que soube colocar na sua vida a tónica do AMAR O AMOR nos caminhos da história!  Um grande poeta do Amor.
«Fomos feitos para o amor, disse São João da Cruz. Muitos homens e mulheres se deixaram e deixam enraizar por este amar, por este Amor. Teresa de Jesus descreveu-o como: «uma das almas mais puras que Deus tem em sua Igreja. Nosso Senhor lhe infundiu grandes riquezas da sabedoria celestial. Mesmo pequeno ele é grande aos olhos de Deus. Não há frade que não fale bem dele, porque tem sido sua vida uma grande penitência»
Vejo ao analisar as suas obras que me custa muitíssimo ler, não é algo que consiga da primeira à última página… São obras para ir lendo, discernindo. Palavras que me fazem desligar a televisão, o rádio, o pc, e tranquilamente estar… Difícil para os dias de hoje? O que e certo é que quanto mais o leio mais vontade tenho de voltar a ler e tentar compreender silenciando! Obras rodeadas do amor de Deus. Deus, nas suas obras é digno de toda a honra e glória nele compreendemos a Sua essência.
Não desistamos de percorrer caminhos pautados pelo amor de Deus. «Se o nosso coração nos acusar, tenhamos confiança. Deus é maior que os nossos corações e conhece todas as coisas"» [1 Jo 3, 20]. Aprendamos com o apóstolo São João para que saibamos no entardecer da vida aprender com São João da Cruz… «No entardecer da vida, seremos examinados pelo Amor». Que consigamos sair de nós e partir à procura do Amado… Encontremos na simplicidade deste homem um caminho profundo. Que esta Voz interior que o chamou para a Verdade, o fez lutar para se manter firme no caminho, nos ensine a AMAR todas as coisas. Que o Amor seja a única razão do nosso viver!

[Verónica Parente]

sábado, 13 de dezembro de 2014

V aniversário do Albergue


A tradição ainda é o que é… Como bem manda a tradição a noite esteve com as atenções voltadas para o Albergue de Peregrinos São João da Cruz dos Caminhos em pleno coração da cidade de Viana do Castelo. Festejamos o V aniversário com grandes amigos, de longe e de perto, carmelitas, hospitaleiros e peregrinos. Jantamos e confraternizamos num espírito muito familiar onde não faltou a sopa de pedra. Cantamos os parabéns ao Albergue, a Mariana que tem a idade do Albergue apagou as velas. O Jorge Torres do Grupo Terra Verde de Ermesinde, falou-nos da sua experiência de peregrino nos caminhos de Santiago, terminámos com uma queimada galega. Foi uma noite bem passada na sexta-feira que antecede à Solenidade de São João da Cruz. A partilha e os momentos de confraternização vividos servem para alicerçar ainda mais a hospitalidade para com todos os peregrinos que cruzam esta cidade. Agradecemos a todos e a cada um em particular o calor que se gerou nesta noite fria! Juntos, andemos!

Reportagem fotográfica | V aniversário







[Reportagem fotográfica dos hospitaleiros Albino e Josefina Maruqes]

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

«A hospitalidade na construção da identidade cristã»


«A hospitalidade revela-se um dos caminhos para a construção da identidade cristã, na comunidade crente. Além de testemunho eloquente para os de fora, cria um ambiente caloroso para os de dentro.»

É a partir desta convicção que João Alberto Sousa Correia desenvolve um estudo sobre a narrativa bíblica em que Jesus, após a ressurreição, dialoga com dois dos seus discípulos, em viagem para Emaús, que só o reconhecem quando Ele, à mesa, depois de longo caminho a pé, parte o pão.

O livro, publicado pela Universidade Católica Editora, vai ser apresentado esta sexta-feira, 12 de dezembro, em Braga, por José Tolentino Mendonça, investigador e docente de disciplinas bíblicas.

Depois de, no primeiro capítulo, analisar o excerto de Emaús, centrando-se no texto, tradução, variantes, morfologia e estrutura, a obra abre a segunda parte centrando- no narrador do episódio, prosseguindo com o estudo da «trama narrativa», espaço e tempo do relato, e, ainda, dos personagens.

O terceiro capítulo é inteiramente dedicado à «caracterização de Jesus», quer do seu próprio ponto de vista, como daqueles que com Ele se cruzam, enquanto que a quarta secção analisa o episódio de Emaús «na perspetiva da hospitalidade».

João Alberto Correia, pároco ao serviço da arquidiocese de Braga e professor na Faculdade de Teologia da Universidade Católica, «usa o método narrativo com significativo desempenho, permitindo ao mesmo tempo a quem o lê a apreensão pedagógica dos vários passos e o contacto com as ferramentas típicas da chamada mecânica narrativa», sublinha Tolentino Mendonça no prefácio.

«O tópico que tematicamente se destaca da sua minuciosa abordagem não podia ser de maior impacto teológico e de mais pertinente atualidade: o lugar da hospitalidade. A hospitalidade no mundo helenístico-romano, com o qual o Novo Testamento, e Lucas em particular, está em intenso diálogo, tinha certamente um enorme ascendente cultural, mas também um inamovível obstáculo», explica o vice-reitor da Universidade Católica.

O texto do prefácio cita o filósofo Jacques Derrida, que comenta a oposição entre hospitalidade e hostilidade: «O estrangeiro (...) continua a pedir a hospitalidade numa língua que, por definição, não é a sua, mas é aquela imposta pelo dono da casa, o anfitrião, o senhor, o poder, a nação, o estado, o pai, etc.».

«O dilema da hospitalidade começa aqui: devemos pedir ao estrangeiro que nos compreenda, que fale a nossa língua, em todos os sentidos do termo, em todas as extensões possíveis, antes e a fim de poder acolhê-lo entre nós. Ora, se ele já falasse a nossa língua, com tudo o que isso implica, se nós já partilhássemos tudo o que se compartilha com uma língua, o estrangeiro continuaria sendo um estrangeiro e falar-se-ia a propósito dele, em asilo e em hospitalidade», questiona Derrida.

«Retomando este verdadeiro dilema que a hospitalidade encontrava nas sociedades antigas, organizadas em torno ao parentesco, à etnia e ao estado, pode-se talvez perceber melhor a originalidade do projeto cristão, que João Alberto Correia aqui ilumina», realça Tolentino Mendonça.

O prefaciador salienta como a obra torna claro que, «desde a sua primeira configuração», o cristianismo apresenta-se «como experiência e projeto de hospitalidade», evidência que o relato do caminho de Emaús, «paradigma de todo o caminho crente», continua a explicar.

O volume vai ser apresentado às 18h00, na Faculdade de Teologia (sala D. Eurico Dias de Nogueira).

Rui Jorge Martins

Publicado em 11.12.2014
http://www.snpcultura.org/a_hospitalidade_na_construcao_da_identidade_crista.html