sábado, 5 de janeiro de 2013

Nasci para servir os outros

 
Um enorme cepo de oliveira ardia lentamente ao canto da lareira. Entretanto, recordava o seu passado. «No princípio, era uma oliveira como as outras. Além de dar azeitona, os pássaros abrigavam-se nos meus ramos. Passaram os anos e comecei a sentir dificuldades: a seiva já não atingia os ramos altos, que começaram a secar. Tornei-me numa velha oliveira que já não dava azeitona. Sequei pouco a pouco e tornei-me num velho cepo. Vieram os lenhadores arrancar-me e vim parar a esta lareira. Pegaram-me fogo e eu dou-lhes o calor de que necessitam. Á minha volta, nesta noite fria, os homens esfregam as mãos, as mulheres falam e as crianças dormitam». E o último pensamento do cepo foi este: «Nasci para servir os outros. Fiz o melhor que pude no desempenho da missão que me coube. Por isso, morro tranquilo e feliz. No punhado de cinza a eu me reduzo fica a alegria de me ter dado completamente aos outros até ao fim».

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