terça-feira, 15 de janeiro de 2013

O que é peregrinar? (VII)

 
A Peregrinação Jacobeia

Roma e Santiago (para além de Jerusalém) são, desde vários séculos, duas importantes metas das peregrinações cristãs. Ambas têm um fim semelhante: orar ante os túmulos de dois apóstolos: São Pedro e São Tiago. Estas duas peregrinações, junto a de Jerusalém, se denominam de «maiores».
Fazer o Caminho de Santiago é o modo tradicional de peregrinar até ao túmulo de um Apóstolo de Jesus Cristo, um dos três íntimos, testemunha dos actos salvadores, e primeiro mártir do Colégio Apostólico; aquele que predicou a fé nas regiões ocidentais da Europa.
A peregrinação a São Tiago foi se fazendo cada vez mais numerosa apesar das dificuldades que deviam superar os primeiros peregrinos, ao terem que caminhar então, em Espanha, por zonas muito próximas as batalhas que travavam cristãos e muçulmanos. No século X, eram frequentes as incursões de normandos e muçulmanos que faziam dos peregrinos as vítimas do seu furor guerreiro. No entanto, estes riscos não foram capazes de cortar a corrente cada vez maior de peregrinos que desde o coração da Europa caminhava para prostrar-se aos pés de São Tiago; era um fluxo de peregrinos quantitativamente variável ao largo dos séculos, mas ininterrupto até os nossos dias.
Actualmente, no início do terceiro milénio, assistimos a um interessante processo de revitalização da peregrinação a Compostela com motivações e exigências muito diversas. Em cada tempo surge a necessidade do espírito respirar ar puro num mundo que asfixia com as suas próprias convicções materiais, procurando o encontro consigo mesmo e o contacto coma natureza…
A peregrinação é sempre religiosa. A que se dirige ao Túmulo do Apóstolo São Tiago tem a finalidade do encontro com as raízes da fé, com o primeiro Apóstolo Mártir; Isto é, em alguém que esteve em contacto directo como o Filho de Deus. Trata-se de um “verdadeiro legado da história da Igreja”.
Como em todos os fenómenos humanos, dão-se aderências diversas com acentos que derivam do factor central. Assim, surgem também outras dimensões, como o comércio, a arte, a música, criando-se, por si mesmo, em volta a este fenómeno, um grande movimento cultural que durante séculos, acompanhava o factor central da peregrinação. Com este movimento de massas, que supõe a peregrinação, relacionava-se a história, a gastronomia, a hospedagem, a arte, o folclore, o assentimento de novos povos… é o efeito de intercâmbio gerado pela peregrinação.
Todo este conjunto derivado da peregrinação, pode ser estudado exclusivamente como um feito de dimensão cultural, abstraindo-se do sentido da peregrinação e, em consequência, destaca-se a riqueza que encerre no campo da arte, dos costumes das pessoas, etc.

[Associação | Confraria de São Tiago | Espaço Jacobeus]

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